A Evolução da Alfaiataria Feminina: De Sufragistas, Andógeno, TomBoy, Boyish, GirlBoss ao “EmpowerWear”.
A alfaiataria feminina tem uma história rica e multifacetada que se estende por mais de um século. Desde a luta das sufragistas até a consagração do estilo “EmpowerWear” em 2024, a moda de ternos, calças e blazers femininos evoluiu significativamente, refletindo e influenciando as transformações sociais. Vamos explorar essa jornada fascinante, época por época.
Início do Século XX: O Surgimento do “Terno Sufragista”
Até o início do século XX, a alfaiataria era uma exclusividade dos homens. Contudo, os movimentos sociais e eventos históricos começaram a alterar essa realidade. O movimento sufragista, no início do século, foi um dos primeiros a adotar elementos de alfaiataria no vestuário feminino. Lutando pela participação política e pelo direito ao voto, as sufragistas adotaram a jaqueta e a saia como um uniforme simbólico, conhecido como “terno sufragista”. Esse visual representava sua determinação e resistência.
Entre-Guerras e a Década de 1930: A Rebeldia de Marlene Dietrich
Durante e entre as duas Guerras Mundiais, as mulheres começaram a ocupar postos de trabalho tradicionalmente masculinos, enquanto os homens estavam nos campos de batalha. Esse contexto exigiu mudanças no vestuário feminino, que se tornou mais prático e funcional. Em 1933, a atriz de Hollywood Marlene Dietrich desafiou as convenções ao ser fotografada de calça e blazer para a Vogue americana. O simples ato de vestir uma calça em público, fora de um ambiente de trabalho braçal, era visto como um ato de rebeldia e um sinal de mudança iminente.
Década de 1950: A Revolução de Coco Chanel
Nos anos 1950, Coco Chanel foi uma das pioneiras ao criar roupas mais confortáveis para mulheres, inserindo códigos masculinos nas peças. Em 1954, Chanel lançou seu icônico tailleur de tweed, que se tornou uma marca registrada e continua sendo um sucesso até hoje. Chanel revolucionou a moda feminina ao abandonar a cintura marcada e produzir em tecidos leves e fluidos, como o jérsei, proporcionando mais liberdade de movimento e conforto.
Década de 1960: Yves Saint Laurent e o Le Smoking
A década de 1960 marcou uma verdadeira revolução na alfaiataria feminina. Em 1966, Yves Saint Laurent apresentou o Le Smoking, um elegante terninho para a noite, todo preto e produzido em um tecido de lã chamado grain de poudre. Parte da sua Pop Art Collection, o conjunto revolucionou a moda feminina ao introduzir peças com cortes masculinos que eram ao mesmo tempo sexy e elegantes. Esse período também viu a aceitação e popularização das calças de alfaiataria para mulheres, embora a sociedade ainda resistisse em alguns aspectos – como a anedota da socialite nova-iorquina barrada em um restaurante por vestir calças.
Décadas de 1970 e 1980: O Uniforme da Mulher Independente
Nos anos 1970 e 1980, terninhos e outras peças de alfaiataria se tornaram quase um uniforme para as mulheres que ingressavam no mercado de trabalho e buscavam sua independência. A personagem Annie Hall, do filme homônimo de 1977 (“Noivo Neurótico, Noiva Nervosa”, em português), ajudou a popularizar ainda mais o visual. Durante esses anos, a alfaiataria feminina começou a se transformar, ganhando novas modelagens e significados, adaptando-se às necessidades das mulheres em um mundo profissional em constante evolução.
Década de 1990: A Estética Boyish e Tomboy
Nos anos 90, a moda feminina continuou a explorar o estilo andrógeno, popularizado por marcas como Ralph Lauren. Ternos estruturados, calças de alfaiataria e chapéus estilo fedora para mulheres desafiaram as normas de gênero e empoderaram as mulheres através da moda. Essa estética, conhecida como “boyish” e “tomboy”, marcou uma nova era de expressão e liberdade para a moda feminina.
Anos 2000: A Alfaiataria Conservadora
A chegada dos anos 2000 trouxe uma imagem mais conservadora e até vinculada à política para a alfaiataria feminina. Apesar dessa conotação mais formal, a moda continuou a evoluir, desconstruindo conceitos de sobriedade ao introduzir peças em diferentes cores, estampas e modelagens. A alfaiataria começou a se diversificar, permitindo que as mulheres expressassem sua individualidade de maneiras novas e inovadoras.
2018: O Renascimento da Alfaiataria Andrógena
Em 2018, a alfaiataria andrógena voltou à cena com força. A série “Killing Eve” apresentou Villanelle, uma personagem estilosa interpretada por Jodie Comer, que combinava peças masculinas com uma sofisticação única. Filmes como “Um Pequeno Favor”, estrelado por Blake Lively, e “Eu Não Sou Um Homem Fácil”, com Marie-Sophie Ferdane, reforçaram essa tendência, mostrando personagens poderosas e elegantes em roupas de alfaiataria. Esses exemplos trouxeram de volta o charme e a ousadia da alfaiataria andrógena, adaptada para os tempos modernos.



2024: A Consagração do “EmpowerWear”
Em 2024, essa moda se estabeleceu como atemporal e universalmente adorada. Agora chamada de “EmpowerWear”, essa tendência celebra a força e a individualidade das mulheres modernas. Com um mix de elementos masculinos e femininos, “EmpowerWear” redefine padrões de beleza e estilo, tornando-se um verdadeiro sinônimo de poder e elegância para mulheres de todas as idades. Essa nova denominação encapsula a essência de empoderamento, confiança e individualidade que essa moda representa.
A evolução da alfaiataria feminina demonstra como a moda reflete e influencia as mudanças sociais, oferecendo às mulheres novas formas de expressão e empoderamento ao longo das décadas. De um símbolo de resistência e rebeldia, a alfaiataria feminina se transformou em um ícone de estilo e poder, celebrando a jornada e a diversidade das mulheres ao redor do mundo.
