Eliana Weber, sócia-administrativa da Weber Haus.

Mulheres avançam no setor de cachaças e conquistam o universo dos destilados.

As mulheres tiveram um papel importante na história da cachaça no Brasil, já que na época colonial eram elas que as produziam enquanto os homens saiam para a mineração.

Condições de trabalho precárias, proibidas de votar e de exercer alguns direitos básicos de cidadania. Difícil de imaginar que tudo isso era uma realidade no cotidiano das mulheres antes dos avanços conquistados através de muita luta ao longo desses anos, mas essa era a realidade enfrentada por elas. O fato é que apesar dos grandes avanços, as mulheres ainda continuam se mobilizando para engajar diferentes pautas ao redor do mundo.

Graças ao empenho de conquistar mais protagonismo no mercado de trabalho, hoje em dia é possível encontrar mulheres em áreas que até então eram consideradas predominantemente masculinas, como é o caso do setor de automóveis, da construção civil e também do setor de bebidas. Tanto que elas tiveram um papel importante na história da cachaça no Brasil, já que na época colonial, as mulheres as produziam enquanto os homens saiam para a mineração.

“A incessante busca pela qualidade dos ingredientes e o cuidado na seleção das madeiras utilizadas no processo de envelhecimento levaram a cachaça a brilhar entre os destilados mais caros e premiados do mundo. Reconhecimento esse responsável pelas destilarias artesanais, como a Weber Haus. E nós, mulheres, somos parte dessa revolução cultural”, explica Eliana Weber, sócia-administrativa da Weber Haus. A destilaria localizada em Ivoti, no Rio Grande do Sul, começou sua trajetória no Brasil em 1824, quando os antepassados de Eliana saíram da Alemanha e foram morar nas encostas da Serra Gaúcha. Em 1848, com o plantio de cana-de-açúcar, iniciaram o processo de elaboração de cachaça.

Porém, só em 1948 é que a H. Weber entrou de vez no mercado. A empresa foi fundada pelo pai de Eliana, Hugo Weber. Ao lado do fundador, uma importante aliada foi fundamental para conseguir que a empresa crescesse cada vez mais: sua esposa Eugênia Weber. “Durante muitos anos ela esteve no comando da empresa junto com o meu pai, onde fazia de tudo: trabalhava na roça, destilava cana, rotulava, engarrafava e fazia vendas, e todos esses ensinamentos foram passados para nós, que aprendemos tudo na roça”, afirma Eliana.

Além da sócia-administradora, suas irmãs Mariane e Edete e seu irmão Evandro também participavam de todo o processo de produção de cachaça. As cachaças da empresa até então eram vendidas apenas no Rio Grande do Sul, mas foi na virada do milênio que Eliana e seus irmãos assumiram o comando da Weber Haus e decidiram fazer uma reestruturação completa. Além da marca atender em nível nacional, o portfólio da empresa foi ampliado, e além das cachaças, a empresa decidiu apostar em rum, gin e bebidas mistas.

A Weber Haus foi uma das principais responsáveis em fazer a cachaça dividir as prateleiras com os destilados mais famosos e tradicionais do mundo como o whisky, ao criar cachaças envelhecidas por 12 anos em barricas de carvalho francês e até cachaça com diamante incrustado na garrafa. “Nós temos cachaças que custam mais de R$12 mil, que são vendidas em edições limitadas, com garrafas em formato de diamante, se equiparando aos whiskeys mais caros do mundo, tanto em qualidade como em preço”, pontua Eliana.

Atualmente a Weber Haus possui mais de 150 prêmios nacionais e internacionais conquistados ao longo de sua trajetória. Hoje, a marca exporta para o Reino Unido, China, Estados Unidos e Dinamarca. “Cada vez mais é possível encontrar mulheres que trabalham como bartenders, que são donas de cervejarias e empresas de bebidas ou que trabalham na produção de destilados, então é muito gratificante ver como elas estão avançando em um mercado que até pouco tempo era predominantemente masculino”, finaliza Eliana.

Qual é o seu nome completo e atual profissão/cargo?
Eliana Weber, sócia-administrativa da Weber Haus.

Quando e como começou o seu contato com o universo das bebidas?
Bom, tudo começou quando o meu pai decidiu em 1948 fundar uma cachaçaria. A empresa foi fundada pelo meu pai, Hugo Weber, porém, minha mãe, Eugênia Weber, foi uma importante aliada para conseguir que a empresa crescesse cada vez mais. Durante muitos anos ela esteve no comando da empresa junto com o meu pai, onde fazia de tudo: trabalhava na roça, destilava cana, rotulava, engarrafava e fazia vendas, e todos esses ensinamentos foram passados para mim e para os meus irmãos, que aprendemos tudo na roça.

Depois de estudar muito e entender todo o processo foi que eu e meus irmãos decidimos assumir o comando da empresa na virada do milênio e fazer uma reestruturação completa. Ampliamos nosso portfólio, passamos a vender nossos produtos em outros estados e conquistamos novos espaços.

Qual é o seu atual trabalho? Detalhe, por favor! Me apresente!
Hoje como sócia da Weber Haus ,atuo mais na área administrativa da empresa ,tendo uma ampla visão de todos os setores da empresa ,pois trabalho aqui desde criança ,e assim acabei precisando fazer de tudo um pouco .

Ter esse conhecimento facilita hoje nos processos, pois tudo começa no processo produtivo da cachaça e assim no administrativo comecei na área financeira, onde sou responsável até hoje ,mas hoje estou atuando na gerência da empresa junto com meus 2 irmãos .

Qual é a real importância das mulheres hoje em dia no ramo de bebidas? Qual é a sua avaliação sobre?
É essencial que exista diversidade no setor, só assim é possível entender diferentes pontos de vista e caminharmos para um mercado mais justo e igualitário. Hoje elas ocupam cargos que até então no passado era impossível de imaginar que um dia elas ocupariam, então estamos dando passos importantes.

No universo da coquetelaria, lugar de mulher também é onde ela quiser ou ainda há muito preconceito e barreiras a serem quebradas?
Cada vez mais é possível encontrar mulheres que trabalham como bartenders, que são donas de cervejarias e empresas de bebidas ou que trabalham na produção de destilados, então é muito gratificante ver como elas estão avançando em um mercado que até pouco tempo era predominantemente masculino.

Qual recado pode deixar para as mulheres que ainda possuem receio de exercerem cargos que normalmente eram ocupados por homens no segmento food service?
Acreditem no seu potencial e vão em frente, basta querer, estudar e se capacitar e não deixarem ninguém subestimar sua capacidade apenas pelo fato de você ser uma mulher, pois nós somos capazes e podemos ser o que nós quisermos.

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